quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Ecos de 68


Estamos em uma era pós-moderna em que o refrão do individualismo foi gritado por todos os sobreviventes de 1968. Era acreditado que o hiato existente entre a massificação e personalização foi ligado pela permissividade do social, pela mobilidade de uma classe até então tênue, a classe-média. O sonho do próprio, do exclusivo e do individual trouxeram a ambição e conquistas à nascente classe mediana de trabalhadores que desejavam o statuss de uma minoria burguesa. Personificaram o ser pelo ter, porém, com o passar dos anos, o ter ficou cada vez mais restrito ao exclusivo, ao pessoal, ao próprio e único o que contraria toda a lógica lucrativa da era hiperindustrial do século XXI. O lucro ocorre mediante a exploração de um proletariado desprovido de qualquer ação própria retidos em uma produção em larga escala. Para tal, o capitalismo não podia abrir mão desta hiperlucratividade alcançada em um século. A partir de então, o desejo de erótico passou a ser tanatológico, pulsando pela morte da repetição e a consciência individual foi aos poucos massificada pelos meios de comunicação colocando como alvo o subconsciente de classes sociais inteiras com interesses comuns sem reflexão a própria do excesso. A TV, o Rádio e a Internet desmoralizam a imparcialidade da informação colocando a sociedade sob seus prazeres mais intrínsecos de forma gritante a partir de comerciais que sempre trazem ideias colocadas para uma massa, com a pseudoexclusividade do consumo, o que não deixa de o ser uma vez este consumo sendo possível a partir do fetiche, como diria Marx, ou seja, do capital em si e seu poder de compra. Daí a questão de adequação da produção que finaliza os estoques e personaliza o produto. O Just in Time traz a falsa ideia do individual em uma sociedade dominada por empresas na Nova Ordem Mundial em que as imagens que temos do mundo que nós mesmos criamos quase sempre estão turvas a pontos de ficarmos imersos à leitosa leitura de um cenário irreal, porém confortável que nos engana a cada passo dado, contudo nos dá forças para enfrentarmos o dia de amanhã vivendo, assim, os ecos conturbados do pós-68.

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